Quais os riscos de prestar serviços sem um contrato escrito?

O contrato escrito é uma ferramenta essencial na prestação de serviços. Ele permite esclarecer o objeto do contrato (o serviço contratado), evitando mal-entendidos. Além disso, ele confere segurança jurídica para o contratante e para o contratado, facilitando a obtenção de uma solução em caso de atraso ou descumprimento daquilo que foi combinado.

Imagem de Michal Jarmoluk por Pixabay
Imagem de Michal Jarmoluk por Pixabay

Contratos são instrumentos que formalizam os termos de um negócio estabelecido entre as partes.

No nosso dia a dia muitos negócios são estabelecidos de forma meramente verbal. Entretanto, tratando-se de uma prestação de serviços, o ideal é formalizar o negócio por meio de um contrato escrito, que permite alinhar expectativas e prevenir conflitos, na medida em que deixa claro o que foi combinado entre as partes, reduzindo a possibilidade de mal-entendidos.

Objeto do contrato

Em geral os contratos escritos contêm a qualificação das partes (nome, documentação, endereço, telefone) e cláusulas que definem:

  • O objeto (produto ou serviço a ser prestado);

  • O preço, as condições de pagamento e regras para reajuste;

  • As penalidades para o caso de atrasos e descumprimentos;

  • A possibilidade de desistência ou rescisão antecipada do contrato, e suas consequências;

  • Confidencialidade, proteção de dados e propriedade intelectual;

  • O foro para resolução das controvérsias decorrentes do contrato;

  • etc.

O objeto do contrato é obviamente um dos itens de maior importância, já que ele representa o coração do negócio.

No caso da prestação de serviços, o objeto - ou seja, a atividade a ser realizada - deve ser descrito de forma detalhada e completa. E quando o objeto for um projeto (trabalho em etapas) ou um pacote de serviços, devem ser definidas todas as entregas parciais, sendo possível inserir no contrato um cronograma de trabalho, a fim de dar maior clareza às etapas do objeto.

Além de especificar detalhadamente o serviço a ser prestado, recomenda-se também enumerar as atividades e tarefas que o contratado não irá realizar. Isso pode parecer redundante, mas ajuda muito a evitar dúvidas com relação ao objeto do contrato. E acredite, são muito comuns os conflitos em que as partes discordam sobre as atividades que fazem parte do contrato.

Existem ainda situações em que o contratante precisa aprovar o serviço realizado antes de fazer o pagamento. Nesses casos, uma boa prática é definir no contrato quais serão os critérios utilizados para a aprovação, e o que acontecerá se alguma entrega for rejeitada.

Regras específicas

Além das cláusulas comuns, vistas acima, o contrato pode conter ainda cláusulas específicas relacionadas ao tipo de serviço que será prestado.

É o caso, por exemplo, dos contratos de prestação de serviços de terapias e tratamentos continuados, onde podem ser definidas a quantidade, a duração e a frequência das sessões, e regras para tratamento de questões como a reposição das sessões canceladas, as faltas e a possibilidade de remarcação de horários.

Outro exemplo é o contrato de prestação de serviços de design, que pode conter regras definindo um prazo ou a quantidade máxima de vezes em que o contratante pode solicitar alterações nos trabalhos apresentados pelo designer.

Riscos e vantagens

Muitas empresas e profissionais autônomos ainda prestam seus serviços sem um contrato escrito. Contudo, embora os contratos verbais sejam juridicamente válidos, há inúmeras razões que demonstram a importância de um contrato escrito.

Já vimos anteriormente que o contrato escrito formaliza o negócio entre as partes, evitando mal-entendidos Além disso, ele reflete a capacidade de organização e o profissionalismo do contratado, evidenciando compromisso com o cumprimento das suas obrigações.

Ademais, o contrato escrito traz vantagens fundamentais na solução dos casos de descumprimento, que ocorrem quando o prestador não entrega o serviço, o contratante não realiza o pagamento ou as partes deixam de cumprir alguma obrigação acessória. Quando isso acontece e existe um contrato meramente verbal, é mais trabalhoso e demorado para a parte prejudicada reaver seu prejuízo em uma eventual ação judicial, pois será necessário provar a existência do contrato e das suas cláusulas (por meio de documentos, testemunhas, mensagens etc.).

Se essas provas não puderem ser apresentadas, não será possível reconhecer a existência do contrato, e a parte prejudicada não terá como compensar seu prejuízo. Por outro lado, havendo um contrato escrito, a prova é o próprio documento - e é por esse motivo que se diz que os contratos escritos trazem mais segurança jurídica.

Existe ainda outra questão muito importante que envolve a multa por descumprimento contratual, que normalmente é prevista nos contratos escritos. No caso de um contrato verbal, se não for possível provar que as partes combinaram a incidência dessa multa, a mesma só poderá ser exigida com a concordância da outra parte.

Conclusão

Para compreender a importância de um contrato escrito na prestação de serviços basta imaginar os transtornos que o descumprimento do mesmo poderia causar. Quanto maiores forem esses transtornos, mais importância terá a existência de um contrato escrito, uma vez que ele evita conflitos e, caso eles ocorram, torna mais fácil e rápida a sua solução.

Portanto, sendo contratante ou prestador de serviços, não deixe de pedir ao seu advogado a elaboração de um contrato específico para a atividade a ser realizada, ou mesmo a revisão dos seus contratos que estão em vigor, a fim de minimizar os riscos e garantir maior segurança.

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